Hipocondríaco

--Iracema!
--Hmmm...
--Iracema!!
--Que foi, Moacir? São 2 e meia da manhã!
--Iracema, eu tô sentindo alguma coisa.
--'Té que enfim...
--Não brinca, Iracema! Eu acho que eu tô com a tal da gripe espanhola.
--Dorme, Moacir, gripe espanhola é coisa do seu bisavô.
--Não sei não, mulhé, eu ontem fui picado por um mosquito, bem no ponto do ônibus, perto de uma poça d'água. Agora o meu nariz tá escorrendo.
--Moacir, mosquito dá dengue, malária, febre amarela... Gripe não.
--Aaahhhh! Tô com dengue amarela... febre malária,,, Ah, mulhé, eu tô doente.
--Ai, minha santa madrugada... Calma, Moacir. Cê tá, no máximo, com um resfriadinho. Agora dorme.
--Mas eu tô com dor nas costas.
--É o colchão, lembra?
--Mas e esse calafrio?
--É o chefe novo.
--Ele falou que quer conversar comigo logo cedo.
--Tá vendo? Agora vai lá no quintal e vê se tem algum pneu cheio d'água.
--Quié isso, Iracema? Pra quê?
--Se tivé, fica bem do lado esperando uns dois ou três mosquitos picarem você.
--Mas como, Iracema? Aí eu posso pégá malária, febre amarela, dengue!
--Isso, Moacir. Aí você pega uma licença médica, e seu chefe novo não vai poder te mandar embora. Quando você voltar, ele já demitiu outro, seu emprego tá garantido. Agora dorme, Moacir!
--Boa noite, mulhé.
--Boa noite, Moacir.
Silêncio. Meia hora depois.
--Aaaaahhhh!
--Que foi. Moacir?!?
--Iracema, eu acho que eu tô bom!

*Autoria desconhecida!